Tanto cuidado se justificava, então, pela importância de Alberto Santos Dumont. Até aquele momento, brasileiro nenhum havia tido tamanha expressão internacional. Não bastasse ser genial, era ainda rico e alinhado conforme a moda do tempo – ou melhor, à frente dela, dado que seu lado inventivo se manifestou também no estilo de roupa e acessórios que usava.
Hoje se diz, com base em relatos, que o glamour que o aviador esbanjava escondeu por décadas episódios de depressão profunda ou de uma doença psíquica mais grave – e incontrolável para a medicina da primeira metade do século XX, como seria o caso de transtorno bipolar. Não há ainda hoje um diagnóstico fechado, apenas a evidência de que essa pode ser sido uma causa importante, entre outras, para que cometesse suicídio.
Que havia uma doença psíquica a atormentá-lo, disso não há dúvidas. Cartas, internações repetidas na Europa, recibos de compra de remédios e de consultas a psiquiatras indicam esse estado, presente em quase toda a sua maturidade – entre 1910 e 1932. Os documentos pertencem hoje ao acervo da Aeronáutica.
No dia da morte, Santos Dumont havia aproveitado a natureza: conta-se que deu um passeio pela linda praia de Pitangueiras, andou de charrete e retornou ao hotel para almoçar. Passou pelo quarto e de lá não desceu. Funcionários do hotel o encontraram já morto.
CRONOLOGIA
1873
Nasce em Palmira (MG), filho de próspera família cafeicultora
1898
Constrói o “nº 1”, o primeiro de 13 balões dirigíveis com sua assinatura
1906
Constrói um biplano, o 14-Bis, com o qual consegue se manter no ar
1907
Constrói o monoplano Demoiselle
1910
Anuncia o fim da carreira de aviador
1926
Interna-se num sanatório na Suíça
1929
Nova internação, agora na França
1932
Muda-se em maio para o Guarujá; em julho, comete suicídio
Há uma semana
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