O presidente da República Epitácio Pessoa mandou prender o ex-presidente Hermes da Fonseca e fechar o Clube Militar, que era presidido pelo marechal. O episódio aprofundou a crise entre o Exército e o governo iniciada durante a campanha eleitoral de sucessão presidencial.
Epitácio Pessoa havia convocado o Exército para conter rebeliões populares no Recife. O marechal foi contra, e exortou as tropas a não reprimirem o povo.
A nomeação do civil Pandiá Calógeras para o ministério da Guerra já havia causado mal-estar entre os militares. A situação piorou quando, em outubro de 1921, o jornal "do Povo" publicou uma carta manuscrita, que chamava o marechal de "sargentão sem compostura", e dizia que o Exército era formado por elementos "venais".
O texto foi atribuído ao candidato do governo à presidência da República Arthur Bernardes, então governador de Minas Gerais. Apesar de Artur Bernardes ter negado a autoria das acusações, uma segunda carta muito parecida com a primeira foi publicada no mesmo jornal, e atribuída ao mesmo autor. Mais tarde seria descoberto que as assinaturas nas cartas foram forjadas.
O processo eleitoral continuou, e Artur Bernardes venceu a disputa para a presidência em março de 1922, embora os resultados houvessem sido contestados pela oposição.
A prisão de Hermes da Fonseca, a mais alta patente militar do país, e o fechamento do Clube Militar por decreto presidencial, foram considerados uma afronta ao Exército. O descontentamento alastrou-se por todos os quartéis do Rio de Janeiro, e começou a ser tramado o levante, que ficou conhecido como a Revolta dos 18 do Forte.
O movimento seria desencadeado na madrugada de 5 de julho em três locais: na Vila Militar, Escola Militar do Realengo e Forte de Copacabana. Nesse último foram feitos vários preparativos, como a construção de trincheiras e redes de arame farpado. Os depósitos foram abastecidos com alimentos e os alojamentos e cozinhas foram transferidos para locais protegidos. Epitácio Pessoa desconfiou da movimentação dos militares e mandou cercar o local.
A Revolta dos 18 do Forte
O capitão Euclides da Fonseca, filho do marechal, foi preso. Por telefone, o ministro da Guerra exigiu a rendição do tenente Siqueira Campos, que assumiu o comando da revolta. Mas os rebeldes decidiram lutar até o fim. Os portões do Forte de Copacabana foram abertos para que todos os que desejassem pudessem abandonar o forte. Dos 301 revolucionários, restaram 29.
Siqueira Campos reuniu os companheiros, dividiu a bandeira nacional em 29 pedaços e os distribuiu entre os combatentes. O grupo saiu na tarde de 6 de julho ao encontro das tropas do governo.
Os revolucionários, reduzidos a 20, rumaram para a Praça Serzedelo Correa, onde as forças governistas aguardavam a rendição. Em vez disso veio a ordem de fogo. O combate foi sangrento e desigual, e os revoltosos, que lutaram como fanáticos, tombaram mortos.
Os únicos sobreviventes foram Eduardo Gomes, o soldado Manoel Ananias dos Santos e Siqueira Campos.
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