O primeiro rei do futebol
Com média de gols superior a Pelé, apesar da boemia, ‘El Tigre’ Friedenreich foi até militante da Revolução Constitucionalista. Nos 120 anos de nascimento, será lançada sua autobiografia, a ‘maior descoberta arqueológica do futebol brasileiro’
Alexandre da Costa
2/12/2011
A madrugada corria há um bom tempo. Nada de sono. Montanha de livros e documentos para ser desvendada. Doações podem trazer boas surpresas: uma edição esgotada, um romance autografado, um livro perdido. O editor carioca Cesar Oliveira sabe disso e é minucioso em seu garimpo. Uma pasta cor de rosa chama sua atenção. Páginas datilografadas, outras manuscritas. Fotos em perfeito estado de conservação. Cesar investe toda a sua atenção na análise daquele material. Os minutos se seguem e uma preciosidade faz o coração do tarimbado editor de 59 anos saltar da boca. “Não pode ser. Uma autobiografia do El Tigre Friedenreich!”. Sim, um livro escrito pelo próprio Arthur Friedenreich e esquecido por mais de cinco décadas! Mas quem diacho é Friedenreich?
Tudo o que já foi dito a respeito dele ganhou no século XXI a aura de mito, de lenda. Maior artilheiro do futebol mundial em todos os tempos, primeiro craque do futebol brasileiro reverenciado no exterior, batedor de pênaltis implacável. Um gênio superior a Pelé. Verdade? “Eu sabia que aquela era uma descoberta arqueológica do futebol brasileiro. É o Santo Graal da literatura esportiva”, afirma o editor.
Arthur Friedenreich sempre conviveu com superlativos ao longo dos 26 anos de sua carreira, iniciada em 1909. Boleiro em tempos de amadorismo (no Brasil, o profissionalismo só passou a valer na década de 30), sem TV, sem internet, sem jornais esportivos, a fama do jogador se espalhava no boca-a-boca e atravessou as fronteiras nacionais. Seu nome causava pânico a argentinos, uruguaios, europeus. De um ponto de vista antropológico, o paulistano - filho de alemão e de uma mulata - pode ser apontado como um elemento de relevância considerável para o cotidiano do Brasil daquela época.
Primeira camisa da Seleção foi tingida pelo sangue de Fried
Logo depois que o futebol - inventado pelos ingleses - desembarcou no Brasil, no final do século XIX, ele foi “abraçado” pelas elites locais. Virou um esporte de brancos. No início, Fried fez dos campos de várzea seu primeiro palco. Pirralho de 12 anos, no meio dos marmanjos não fazia feio não. O mito nascia e, claro, mascarava a cor de pele do garoto. Quanta hipocrisia. Mas Friedenreich jogava tanta bola! Assim foi por todos os primeiros clubes da cidade de São Paulo em que jogou: Germânia, Ypiranga, Mackenzie, Paysandu. Equipes - hoje extintas - que se renderam ao talento do moleque, independente de sua cor.
Todo o pioneirismo do futebol brasileiro levava consigo o nome de do grande artilheiro. No primeiro time do Brasil, formado em 1914, lá estava ele no embate contra os ingleses do Exeter City. O Brasil ganhou por 2 a 0. Fried jogou bem, não balançou as redes, perdeu dois dentes num entrada desleal de um zagueiro adversário e, para delírio da torcida, voltou para o jogo com a camisa branca – então a cor do uniforme brasileiro – manchada de sangue.
No primeiro título da história da seleção brasileira, o Sul-Americano de 1919, lá estava o pé esquerdo do centroavante para acabar com a tortuosa final contra os uruguaios, que durou mais de 150 minutos. O futebol, pela primeira vez, incitava um carnaval Brasil afora. No fim da partida, o artilheiro ainda foi homenageado pelos próprios uruguaios com o título de "El Tigre", pr conta da raça demonstrada em campo. Apelido que o acompanhria pelo resto de seus dias.
Único tetracampeão paulista da história
Fried e Leonidas da Silva
Se com o título sul-americano, Fried marcou seu nome na história da Seleção, clubes pequenos por que passara até então ainda não tinham lhe rendido títulos. Tal cenário mudou ao desembarcar no Paulistano, time do Jardim América, bairro nobre de São Paulo. Conhecido como Glorioso, o escrete alvirrubro marcou época. É, até hoje, o único tetracampeão paulista da história, por exemplo. Nem Corinthians, São Paulo, Santos, Palmeiras alcançaram tal feito. Friedenreich conquistou os dois últimos troféus (em 1918 e 1919) desse recorde ainda não superado.
O Paulistano encantava, e El Tigre balançava as redes como nunca. E fazia isso do jeito que fosse: pé esquerdo, pé direito, cabeça, bicicleta, calcanhar - valia até canela! Não satisfeito, ainda inventava jogadas: criou o drible de corpo que, sob efeito do biotipo magro, alto, saía como um alfinete costurando o gramado. Fried não era só instinto; jogava com inteligência. Virtudes que deixaram os europeus extasiados em 1925.
E a França elege um novo rei
Tanto que o Paulistano foi o primeiro time brasileiro a excursionar pela Europa. Na época, Fried tinha 33 anos, mas continuava a ser o principal nome do futebol brasileiro. No entanto, desconhecido na Europa. Para azar deles. O primeiro embate em solo internacional se deu contra a boa seleção francesa, numa Paris cinzenta. O campo estava um lamaçal por causa da neve, que insistia ainda cair em pleno março. O centroavante e seus companheiros nunca encararam algo assim. O desconforto dos boleiros visitantes era evidente desde os primeiros minutos, mas o craque não demorou a mostrar a que veio. E o primeiro ohhhhhhhhhhhh da torcida logo ressoou no estádio.
O cara desembestou a jogar bola, mostrando aos franceses como, de fato, se devia lidar com aquele "equipamento". Com um toque, deixava companheiros na cara do gol. E driblava, driblava, driblava. Além, claro, de marcar gols: foram três na fantástica goleada do Paulistano por 7 a 2. No dia seguinte, não houve jornal francês que não dedicasse títulos do tipo: “Vimos um novo rei do futebol: o brasileiro Friendenreich”. O casamento de Fried com o Paulistano terminou em 1929, quando o clube desativou o futebol. Foram 295 gols em 259 jogos com a camisa branca do Glorioso, proporção impressionante para qualquer época, além de sete títulos paulistas conquistados.
Cartolas tiraram Fried da primeira Copa do Mundo
Para a primeira Copa do Mundo, que seria realizada em 1930 no Uruguai, Fried era o principal nome da equipe brasileira, apesar da idade avançada (estaria completando 38 durante os jogos). Uma grande desavença entre as federações paulista e carioca – que organizaria a seleção – deixou de fora todos os jogadores que pertenciam a equipes de São Paulo. El Tigre, na época, vestia a camisa do recém-criado São Paulo da Floresta, time que originaria o Tricolor do Morumbi que conhecemos hoje. Picuinhas, fofocas, ciúmes e uma briga insana pelo poder no futebol brasileiro, privaram o maior craque do Brasil antes de Pelé de disputar um Mundial. O resultado no torneio: uma eliminação na primeira fase depois de uma derrota para uma mediana seleção iugoslava por 2 a 1. Muitos afirmam que o resultado teria sido outro com ele em campo.
Arthur Friedenreich ainda desfilou pelos gramados por mais cinco temporadas. Conquistou um Paulistão em 1931 pelo São Paulo. Continuou artilheiro. Pendurou as chuteiras em 1935 fazendo alguns jogos pelo Flamengo do Rio de Janeiro. Na ponta do lápis anotou 568 gols em 580 partidas. Longe do recorde de mais de mil gols de Pelé, é verdade. Porém, uma média fantástica de 0,98 tento – superior inclusive a do Rei.
Boêmio, juiz e militante da Revolução Constitucionalista
Como personagem de uma sociedade ainda em formação, a história de Friedenreich não se restringiu às quatro linhas de um campo de futebol. O artilheiro estava relacionado a tudo o que de emblemático acontecia no país na época. Ele encarnou a tão propalada “malandragem” latina, foi árbitro de futebol por uns tempos, boêmio sempre, representante comercial de uma marca de cerveja famosa. Quando estourou a Revolução Constitucionalista, em 1932, o craque não pensou duas vezes ao doar seus troféus e medalhas para a causa que acreditava. Além disso, foi para o front e comandou um batalhão de 800 esportistas paulistanos durante os três meses do conflito.
Quando o Brasil levou sua primeira Copa do Mundo em 1958, o ex-jogador ainda foi ouvido por jornalistas e torcedores. Todos buscavam a opinião do artilheiro que jogava tanta bola como “Santos Dumont voava, como Carlos Gomes compunha e como Rui Barbosa escrevia”. Ilustres personagens como o primeiro rei do futebol. Como o tempo não para, as novas gerações do futebol do Brasil alcançaram voos mais altos. Leônidas da Silva, Pelé, Zico, Romário, tantos goleadores, fizeram o nome Friedenreich e sua obra parecerem ficção. A ideia de Cesar Oliveira é justamente apresentar esse craque - que morreu em 1969 esquecido, esclerosado e magoado com o futebol - às novas gerações. O projeto do editor visa o lançamento da autobiografia de Friedenreich em 18 de julho de 2012, quando o craque completaria 120 anos.
Alexandre da Costa é historiador e autor da biografia "O Tigre do Futebol", lançada em 1999 e que será reeditada no ano que vem, em comemoração aos 120 anos de nascimento do primeiro ídolo do futebol brasileiro
Com média de gols superior a Pelé, apesar da boemia, ‘El Tigre’ Friedenreich foi até militante da Revolução Constitucionalista. Nos 120 anos de nascimento, será lançada sua autobiografia, a ‘maior descoberta arqueológica do futebol brasileiro’
Alexandre da Costa
2/12/2011
A madrugada corria há um bom tempo. Nada de sono. Montanha de livros e documentos para ser desvendada. Doações podem trazer boas surpresas: uma edição esgotada, um romance autografado, um livro perdido. O editor carioca Cesar Oliveira sabe disso e é minucioso em seu garimpo. Uma pasta cor de rosa chama sua atenção. Páginas datilografadas, outras manuscritas. Fotos em perfeito estado de conservação. Cesar investe toda a sua atenção na análise daquele material. Os minutos se seguem e uma preciosidade faz o coração do tarimbado editor de 59 anos saltar da boca. “Não pode ser. Uma autobiografia do El Tigre Friedenreich!”. Sim, um livro escrito pelo próprio Arthur Friedenreich e esquecido por mais de cinco décadas! Mas quem diacho é Friedenreich?
Tudo o que já foi dito a respeito dele ganhou no século XXI a aura de mito, de lenda. Maior artilheiro do futebol mundial em todos os tempos, primeiro craque do futebol brasileiro reverenciado no exterior, batedor de pênaltis implacável. Um gênio superior a Pelé. Verdade? “Eu sabia que aquela era uma descoberta arqueológica do futebol brasileiro. É o Santo Graal da literatura esportiva”, afirma o editor.
Arthur Friedenreich sempre conviveu com superlativos ao longo dos 26 anos de sua carreira, iniciada em 1909. Boleiro em tempos de amadorismo (no Brasil, o profissionalismo só passou a valer na década de 30), sem TV, sem internet, sem jornais esportivos, a fama do jogador se espalhava no boca-a-boca e atravessou as fronteiras nacionais. Seu nome causava pânico a argentinos, uruguaios, europeus. De um ponto de vista antropológico, o paulistano - filho de alemão e de uma mulata - pode ser apontado como um elemento de relevância considerável para o cotidiano do Brasil daquela época.
Primeira camisa da Seleção foi tingida pelo sangue de Fried
Logo depois que o futebol - inventado pelos ingleses - desembarcou no Brasil, no final do século XIX, ele foi “abraçado” pelas elites locais. Virou um esporte de brancos. No início, Fried fez dos campos de várzea seu primeiro palco. Pirralho de 12 anos, no meio dos marmanjos não fazia feio não. O mito nascia e, claro, mascarava a cor de pele do garoto. Quanta hipocrisia. Mas Friedenreich jogava tanta bola! Assim foi por todos os primeiros clubes da cidade de São Paulo em que jogou: Germânia, Ypiranga, Mackenzie, Paysandu. Equipes - hoje extintas - que se renderam ao talento do moleque, independente de sua cor.
Todo o pioneirismo do futebol brasileiro levava consigo o nome de do grande artilheiro. No primeiro time do Brasil, formado em 1914, lá estava ele no embate contra os ingleses do Exeter City. O Brasil ganhou por 2 a 0. Fried jogou bem, não balançou as redes, perdeu dois dentes num entrada desleal de um zagueiro adversário e, para delírio da torcida, voltou para o jogo com a camisa branca – então a cor do uniforme brasileiro – manchada de sangue.
No primeiro título da história da seleção brasileira, o Sul-Americano de 1919, lá estava o pé esquerdo do centroavante para acabar com a tortuosa final contra os uruguaios, que durou mais de 150 minutos. O futebol, pela primeira vez, incitava um carnaval Brasil afora. No fim da partida, o artilheiro ainda foi homenageado pelos próprios uruguaios com o título de "El Tigre", pr conta da raça demonstrada em campo. Apelido que o acompanhria pelo resto de seus dias.
Único tetracampeão paulista da história
Fried e Leonidas da Silva
Se com o título sul-americano, Fried marcou seu nome na história da Seleção, clubes pequenos por que passara até então ainda não tinham lhe rendido títulos. Tal cenário mudou ao desembarcar no Paulistano, time do Jardim América, bairro nobre de São Paulo. Conhecido como Glorioso, o escrete alvirrubro marcou época. É, até hoje, o único tetracampeão paulista da história, por exemplo. Nem Corinthians, São Paulo, Santos, Palmeiras alcançaram tal feito. Friedenreich conquistou os dois últimos troféus (em 1918 e 1919) desse recorde ainda não superado.
O Paulistano encantava, e El Tigre balançava as redes como nunca. E fazia isso do jeito que fosse: pé esquerdo, pé direito, cabeça, bicicleta, calcanhar - valia até canela! Não satisfeito, ainda inventava jogadas: criou o drible de corpo que, sob efeito do biotipo magro, alto, saía como um alfinete costurando o gramado. Fried não era só instinto; jogava com inteligência. Virtudes que deixaram os europeus extasiados em 1925.
E a França elege um novo rei
Tanto que o Paulistano foi o primeiro time brasileiro a excursionar pela Europa. Na época, Fried tinha 33 anos, mas continuava a ser o principal nome do futebol brasileiro. No entanto, desconhecido na Europa. Para azar deles. O primeiro embate em solo internacional se deu contra a boa seleção francesa, numa Paris cinzenta. O campo estava um lamaçal por causa da neve, que insistia ainda cair em pleno março. O centroavante e seus companheiros nunca encararam algo assim. O desconforto dos boleiros visitantes era evidente desde os primeiros minutos, mas o craque não demorou a mostrar a que veio. E o primeiro ohhhhhhhhhhhh da torcida logo ressoou no estádio.
O cara desembestou a jogar bola, mostrando aos franceses como, de fato, se devia lidar com aquele "equipamento". Com um toque, deixava companheiros na cara do gol. E driblava, driblava, driblava. Além, claro, de marcar gols: foram três na fantástica goleada do Paulistano por 7 a 2. No dia seguinte, não houve jornal francês que não dedicasse títulos do tipo: “Vimos um novo rei do futebol: o brasileiro Friendenreich”. O casamento de Fried com o Paulistano terminou em 1929, quando o clube desativou o futebol. Foram 295 gols em 259 jogos com a camisa branca do Glorioso, proporção impressionante para qualquer época, além de sete títulos paulistas conquistados.
Cartolas tiraram Fried da primeira Copa do Mundo
Para a primeira Copa do Mundo, que seria realizada em 1930 no Uruguai, Fried era o principal nome da equipe brasileira, apesar da idade avançada (estaria completando 38 durante os jogos). Uma grande desavença entre as federações paulista e carioca – que organizaria a seleção – deixou de fora todos os jogadores que pertenciam a equipes de São Paulo. El Tigre, na época, vestia a camisa do recém-criado São Paulo da Floresta, time que originaria o Tricolor do Morumbi que conhecemos hoje. Picuinhas, fofocas, ciúmes e uma briga insana pelo poder no futebol brasileiro, privaram o maior craque do Brasil antes de Pelé de disputar um Mundial. O resultado no torneio: uma eliminação na primeira fase depois de uma derrota para uma mediana seleção iugoslava por 2 a 1. Muitos afirmam que o resultado teria sido outro com ele em campo.
Arthur Friedenreich ainda desfilou pelos gramados por mais cinco temporadas. Conquistou um Paulistão em 1931 pelo São Paulo. Continuou artilheiro. Pendurou as chuteiras em 1935 fazendo alguns jogos pelo Flamengo do Rio de Janeiro. Na ponta do lápis anotou 568 gols em 580 partidas. Longe do recorde de mais de mil gols de Pelé, é verdade. Porém, uma média fantástica de 0,98 tento – superior inclusive a do Rei.
Boêmio, juiz e militante da Revolução Constitucionalista
Como personagem de uma sociedade ainda em formação, a história de Friedenreich não se restringiu às quatro linhas de um campo de futebol. O artilheiro estava relacionado a tudo o que de emblemático acontecia no país na época. Ele encarnou a tão propalada “malandragem” latina, foi árbitro de futebol por uns tempos, boêmio sempre, representante comercial de uma marca de cerveja famosa. Quando estourou a Revolução Constitucionalista, em 1932, o craque não pensou duas vezes ao doar seus troféus e medalhas para a causa que acreditava. Além disso, foi para o front e comandou um batalhão de 800 esportistas paulistanos durante os três meses do conflito.
Quando o Brasil levou sua primeira Copa do Mundo em 1958, o ex-jogador ainda foi ouvido por jornalistas e torcedores. Todos buscavam a opinião do artilheiro que jogava tanta bola como “Santos Dumont voava, como Carlos Gomes compunha e como Rui Barbosa escrevia”. Ilustres personagens como o primeiro rei do futebol. Como o tempo não para, as novas gerações do futebol do Brasil alcançaram voos mais altos. Leônidas da Silva, Pelé, Zico, Romário, tantos goleadores, fizeram o nome Friedenreich e sua obra parecerem ficção. A ideia de Cesar Oliveira é justamente apresentar esse craque - que morreu em 1969 esquecido, esclerosado e magoado com o futebol - às novas gerações. O projeto do editor visa o lançamento da autobiografia de Friedenreich em 18 de julho de 2012, quando o craque completaria 120 anos.
Alexandre da Costa é historiador e autor da biografia "O Tigre do Futebol", lançada em 1999 e que será reeditada no ano que vem, em comemoração aos 120 anos de nascimento do primeiro ídolo do futebol brasileiro